16/07/2025 Geral

CONSEMA APROVA ATUALIZAÇÃO DE REGRAS PARA PLANTIO DE FLORESTAS: O QUE MUDA COM O NOVO ZONEAMENTO AMBIENTAL DA SILVICULTURA

Nova metodologia prioriza conectividade ecológica e uso sustentável do solo no setor florestal gaúcho

16 de Julho de 2025 - Publicado às 07:38

A 278ª Reunião Ordinária do Consema ocorreu na tarde desta quinta-feira na sede da Sema. - Foto: Alisson Santos/Ascom Sema.

O Conselho Estadual do Meio Ambiente do Rio Grande do Sul (Consema) aprovou, na tarde desta quinta-feira (10/07), a atualização referente à Resolução 498/2023, documento que orienta onde e como a atividade que trata sobre florestas plantadas podem se instalar no Estado.

A nova atualização traz mudanças significativas no Zoneamento Ambiental da Silvicultura (ZAS) do Rio Grande do Sul, com foco na proteção da biodiversidade, uso racional da água e planejamento territorial mais inteligente.

O ZAS é uma ferramenta de gestão ambiental criada para orientar a atividade da silvicultura — o plantio de árvores como eucalipto e pinus — de forma equilibrada com a natureza. Ele define onde é possível plantar, quanto pode ser plantado e quais cuidados devem ser tomados para proteger o meio ambiente.

O que mudou?

A principal novidade é a substituição de regras antigas, baseadas apenas em tamanho e distância entre os plantios, por uma abordagem mais moderna: a metodologia de conectividade e permeabilidade da paisagem.

O foco agora se tornou garantir que os plantios não interrompam os corredores ecológicos — áreas naturais que permitem o deslocamento de animais e a troca genética entre espécies.

Para aplicar essas regras, o estado passa a usar um recorte geográfico chamado “UPN x BH”:

  • UPN: Unidade de Paisagem Natural
  • BH: Bacia Hidrográfica

Esse cruzamento permite uma análise mais precisa da capacidade ambiental de cada região, levando em conta o solo, a vegetação, a fauna e a disponibilidade de água.

O recorte “UPN x BH” é usado como referência espacial para definir limites de ocupação do solo por atividades de silvicultura. Ele permite avaliar a capacidade de suporte ambiental de uma região, estabelecer limites máximos de plantio, tamanhos de maciços florestais e distâncias mínimas entre eles e aplicar diretrizes específicas de licenciamento conforme as características ambientais locais.

“A aprovação da metodologia de análise da permeabilidade e conectividade da paisagem ao Zoneamento Ambiental da Silvicultura é resultado de um trabalho desenvolvido ao longo dos últimos três anos no âmbito da Câmara Técnica de Biodiversidade do Consema. Incorpora uma ferramenta moderna e globalmente utilizada para modelagem e criação de corredores ecológicos ao instrumento que orienta a implantação da atividade de silvicultura no território gaúcho”, comenta o assessor técnico da Assessoria do Clima da Sema e presidente da câmara técnica de Biodiversidade do Consema, Diogo Heck.

O Rio Grande do Sul é um dos principais estados produtores de florestas plantadas no Brasil e o único estado a contar com um zoneamento específico para a atividade. O primeiro ZAS foi implementado no Estado pela Resolução 187/2008. Em 2023, o Consema aprovou a atualização que tratava sobre a disponibilidade hídrica dos empreendimentos.

Com a atualização, o estado busca conciliar desenvolvimento econômico com responsabilidade ambiental, garantindo que o crescimento do setor florestal ocorra de forma sustentável e planejada.

“Ao substituir critérios de tamanho e distância entre plantios por uma abordagem baseada em conectividade e permeabilidade da paisagem, o estado passa a considerar a dinâmica real dos ecossistemas. Isso é mais inteligente e mais justo ambientalmente, destaca o presidente do Conselho e secretário adjunto da Sema, Marcelo Camardelli.

Texto: Alisson Santos/Ascom Sema